Na segunda-feira, a minha avó faleceu. Estava bastante doente. Viveu 81 anos. Foi feliz. Teve um lar e uma família. Foi sempre amada e respeitada. Teve amigos. Teve saúde. Teve um marido maravilhoso, o meu avô. Foi uma mulher forte, com um temperamento, por vezes, mal compreendido. Lutava e opinava. Não se dava por vencida. Ensinou-me. Educou-me.
Sei que não é possível descrever com clareza a tristeza que é perder alguém que amamos. Despedimo-nos dela no Domingo. Os seus olhos azuis, esbatidos pelo cansaço e pela doença, fixávam-nos. A sua voz trémula dizia que tinha chegado a hora de partir. Chorámos e ainda choramos a sua morte. Sentimos um pesar que nos aperta. Sabemos, porém, que já não sofre e não há nada pior do que o sofrimento. Ver sofrer e não saber como aliviar a dor é a maior sensação de impotência do mundo.
Ontem, disseram-me que a morte é a irmã gémea da vida. Acredito que é verdade. Embora nunca estejamos realmente preparados para a aceitar, a morte é tão natural como a vida. E porque a morte pode mesmo surgir a qualquer momento, devemos viver a vida com um profundo apreço. Valorizá-la. Sermos felizes e fazermos os outros felizes. Partilhar. Perder a vergonha, o medo de amar. Dizermos aos outros o quanto gostamos deles. Tudo, aparentemente, tão simples, mas, é claro, que, frequentemente, nos esquecemos destes gestos. Afinal, somos seres humanos. Sempre tão infelizes, tão absorvidos, tão preocupados. Todos somos assim. Eu sou assim.
O luto, quando partilhado, torna-se menos penoso e, por isso, agradeço a quem esteve e está comigo. Agradeço a quem me deu a mão e abraçou. Agradeço a quem me deseja força. Obrigada, muito obrigada.
3 comentários:
Texto lindo Su...força e vive sempre com as boas recordações que a tua avó deixou na tua vida. Beijinhos*
:( Beijinho!
:) Ela partiu feliz, com todo amor de uma família fantástica. Um beijinho e força*
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