terça-feira, 30 de outubro de 2007

Criaturinha vil II

Hoje em dia, torna-se cada vez mais fácil encontrarmos pessoas ignóbeis. Basta andarmos na rua, ou até mesmo sentarmo-nos que elas vêm ter connosco...
Todos os dias de manhã, viajo na mesma camioneta, vejo as mesmas pessoas e sento-me, quase sempre, no mesmo lugar (sou mesmo radical...) Ao fundo da camioneta estão sempre as mesmos jovens de ar ensonado, com os seus respectivos mp3, e uma mãe com os seus quatro filhos, sendo o mais novo uma das criancinhas mais insuportáveis que já conheci.
Todos os dias, a "prole" da progenitora dá um ar da sua graça. Destaco os gritos, choros e guerras entre irmãos para ver quem vence os irritantes e barulhentos joguinhos no telemóvel. Tudo isto é assistido pelo olhar moribundo daquela mãe, que nada faz para os manter sossegados.
Nunca mudei de lugar, porque sou burra. Esta é a grande conclusão a que chego hoje. De facto, os incomodados que se retirem, porque a má-educação e o desrespeito pelos outros merecem vénias, não é verdade?
Hoje, mal me instalei no lugar, reparei que a mãe viajava à minha frente apenas com o mais pequeno dos demónios (de 4 ou 5 anos) e, além disso, o cenário estava muito mais sangrento do que o habitual. Os gritos estridentes, o choro compulsivo e a pancadaria que o miúdo oferecia à mãe, porque esta se esquecera do telemóvel em casa, deixaram-me doente... Nunca vi uma criança tão fora de si, nem uma mãe tão aérea.
Os passageiros em geral, nada diziam, mas trocavam olhares entre si. Tentei manter a calma, mas a demora do percurso e o trânsito impediam-me. O tempo não passava e eu senti-me a enlouquecer... O desespero fez-me soltar o que me ia no pensamento..."Ai, se houvessem lugares à frente, já teria mudado..." Maldita a hora que o disse... Não sei como é que me saiu, nem como é que ela me ouviu.
De repente, a passividade da mulher dá lugar ao ódio e, virando-se para trás em fúria, capaz de me comer viva, grita... "Cale-se!!!Não vê que me está a incomodar!O que quer que faça ao meu filho?! Que lhe meta uma chupeta?! Ou quer antes que lhe meta uma a si?!"
Fiquei a olhar para aquele ser e confesso que tremi da cabeça aos pés. Não de medo, obviamente, mas de choque.(A chupeta iria caber lindamente no traseiro dela... pensei)
"Mas eu não estou a insultá-la. A senhora podia ao menos acalmá-lo."
O olhar vidrado e o movimento brusco do braço amaçaram-me com um..."Saia!!! Se está mal, saia!!! Eu paguei bilhete, ouviu?!"
(E eu por acaso viajo à borla?!... pensei)
Todos os passageiros olharam incrédulos, mas nada disseram. Vi apenas um abanar de cabeças ligeiro e sentencioso. Levantei-me, procurei um lugar mais à frente e a viagem prosseguiu, enquanto os berros das duas criaturinhas faziam eco na minha cabeça...

3 comentários:

sara disse...

No comments amiga...é esta a educação passiva que os pais oferecem aos filhos hoje em dia...tiveste que ter coragem para soltar aquele desabafo!Lol...imagino a cena!!! ;)

Beijos

Anónimo disse...

És uma fraca. Não sabes responder como deve ser :)

Lady disse...

Imagino essa cena perfeitamente!! Infelizmente hj em dia os meninos são "pequenos ditadores" e tudo gira à volta do q eles querem... Sou muito céptica e não me inibo nada em culpar os pais... Se há falta de tempo para os educar melhor, não sei... eu não passava horas e horas por dia com os meus pais e acho que tive uma boa educação!Está para vir o dia em que levantarei a voz ao meu pai!! Como os antigos dizem e com TODA a razão "o respeitinho é muito bonito, e eu gosto!"
Beijinho